sábado, outubro 13, 2007

Crônica

O que faz um grande ator?
(Arnaldo Jabor)

É o berro, é o gesto, é a fama? Não. Através do grande ator nós vemos a nós mesmos, não como um espelho, mas como uma revelação.

Vemos no grande ator o que não vemos de nós, até o que escondemos de nos mesmos. Paulo Autran era o ator "de teatro", aquela coisa milenar, grega, de Édipo ao Avarento.

Ele não era uma imagem na tela ou na telinha, apesar de ter feito bem as duas coisas. No teatro, ele não entrava nas personagens...as personagens entravam nele. E ali encontravam abrigo de uma alma que as enriquecia...Rei Lear era Paulo Autran, Coriolano era Paulo, Tartuffo foi Paulo... Willi Loman, no Caixeiro Viajante, o Avarento...

Paulo Autran era de realidade, não de ficção. Agora caiu o pano. E como na última frase de Hamlet: “o resto é silêncio”.

No entanto, se os atores de hoje, quando pisarem no palco, prestarem atenção, vão ouvir no silêncio do teatro, a voz de Paulo Autran, soprando-lhes a fala.





Obs: 1) Texto exibido no Jornal da Globo de 12/10/2007
2) Sim, escolhi o vídeo mais previsível.
3) Excepcionalmente, essa semana a música será postada no Domingo. "Se esqueci..."

2 comentários:

Lulu on the sky disse...

Chris, eu assisti ontem o Jornal da Globo justamente nessa parte do comentário do Arnaldo Jabor q foi genial no texto em homenagem a Paulo Autran.
Big Beijos

Anônimo disse...

Cris,
não vi o comentário do Jabor, só sei que quando falavam o nome de Paulo Autran me lembrava justamente daquela cena de "Guerra dos Sexos".
Não podia ser outra.

Há braços

Eduardo