Por aí...
Mais um mês se foi e eu continuo aqui, sem novidades. Aproveitando que o grande assunto aqui em casa é o final daquela m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a novela das 8, eu vou colocar aqui um texto que a Rosana Hermann escreveu para o site dela, o Querido Leitor que fala algo interessante sobre isso:
Nós que nos amávamos tanto
Mas não nos amávamos uns aos outros. Cada um amava a si mesmo. Assim foram as primeiras décadas do segundo milênio cristão na terra.
Cada um só pensava em si, só buscava a si mesmo embora, aparentemente, todos estivessem fatalmente perdidos.
Nas comunidades de relacionamento online, isso ficava evidente. As pessoas procuravam pedaços de si em todo lugar: gente que odiava as mesmas coisas, amava coisas em comum, tinha ido, feito, visto, comido, cheirado, lido, as mesmas coisas que ela.
Era um tempo em que a alma vazia de espiritualidade e a mente oca de sentimentos, fragmentavam seu hospedeiro. Na verdade,o vazio pulverizava a existência de tal forma que cada um ía buscar todos os seus pontos em comum para poder se recompor.
De uma certa forma, haviam abandonado o conceito de fortalecimento através da miscigenação, da variedade e da oposição.
Os opostos já não se atraíam mais. Mulheres solitárias calculavam tristes a aritmética básica da solidão, do fim da possibilidade de ter filhos ou uma família. Homens sozinhos se conformavam com a ausência de uma companheira ou um companheiro, aceitando a solidão acompanhada por pares fisicamente belos mas mentalmente nulos, como se fossem todos Kinder Ovos adulterados, finas cascas de sabor mas sem surpresa dentro.
Foram décadas de extremo narcisismo até que aconteceu a revolução do olhar, exatamente quanto todos ficaram iguais. Todos os peitos industrializadamente iguais, todas as peles artificialmente idênticas, todos os cabelos alisados e tingidos pelas cartelas de cores das maiores marcas. Todas as roupas das mesmas griffes, todos os relógios sincronizados, todos olhando para os mesmos ídolos. Havia um país estranho em que um ritual ainda mais bizarro de imposição cultural totalitária acontecia: à noite, praticamente toda a população sentava diante de uma tela e via um mesmo capítulo de novela.
Era assim o mundo, tendendo ao fim pela uniformidade. Mas felizmente, tudo mudou. E depois de muito sofrimento como cabe em toda grande mutação, os seres voltaram a perceber que assim como a união faz a força,a diferença faz a graça. E todas as criaturas se amaram umas as outras e viram que isso era bom. Muito bom. Muito bom mesmo.
Quem fez esta revolução? Nós. Nós mesmos. Nós, que paramos de perseguir sonhos e resolvemos mudar a realidade. Nós, que descobrimos que o importante não é a auto-estima, que é gostar apenas da imagem do espelho, mas o auto-respeito, que é amar e respeitar a divindade que há em nós.
Mas não nos amávamos uns aos outros. Cada um amava a si mesmo. Assim foram as primeiras décadas do segundo milênio cristão na terra.
Cada um só pensava em si, só buscava a si mesmo embora, aparentemente, todos estivessem fatalmente perdidos.
Nas comunidades de relacionamento online, isso ficava evidente. As pessoas procuravam pedaços de si em todo lugar: gente que odiava as mesmas coisas, amava coisas em comum, tinha ido, feito, visto, comido, cheirado, lido, as mesmas coisas que ela.
Era um tempo em que a alma vazia de espiritualidade e a mente oca de sentimentos, fragmentavam seu hospedeiro. Na verdade,o vazio pulverizava a existência de tal forma que cada um ía buscar todos os seus pontos em comum para poder se recompor.
De uma certa forma, haviam abandonado o conceito de fortalecimento através da miscigenação, da variedade e da oposição.
Os opostos já não se atraíam mais. Mulheres solitárias calculavam tristes a aritmética básica da solidão, do fim da possibilidade de ter filhos ou uma família. Homens sozinhos se conformavam com a ausência de uma companheira ou um companheiro, aceitando a solidão acompanhada por pares fisicamente belos mas mentalmente nulos, como se fossem todos Kinder Ovos adulterados, finas cascas de sabor mas sem surpresa dentro.
Foram décadas de extremo narcisismo até que aconteceu a revolução do olhar, exatamente quanto todos ficaram iguais. Todos os peitos industrializadamente iguais, todas as peles artificialmente idênticas, todos os cabelos alisados e tingidos pelas cartelas de cores das maiores marcas. Todas as roupas das mesmas griffes, todos os relógios sincronizados, todos olhando para os mesmos ídolos. Havia um país estranho em que um ritual ainda mais bizarro de imposição cultural totalitária acontecia: à noite, praticamente toda a população sentava diante de uma tela e via um mesmo capítulo de novela.
Era assim o mundo, tendendo ao fim pela uniformidade. Mas felizmente, tudo mudou. E depois de muito sofrimento como cabe em toda grande mutação, os seres voltaram a perceber que assim como a união faz a força,a diferença faz a graça. E todas as criaturas se amaram umas as outras e viram que isso era bom. Muito bom. Muito bom mesmo.
Quem fez esta revolução? Nós. Nós mesmos. Nós, que paramos de perseguir sonhos e resolvemos mudar a realidade. Nós, que descobrimos que o importante não é a auto-estima, que é gostar apenas da imagem do espelho, mas o auto-respeito, que é amar e respeitar a divindade que há em nós.
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