quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Crônica: Ciúme

Ciúme: Armadilha Do Amor Dependente
(Fernanda Dannemann)

O ciúme é o medo da perda, mas perda de quê? Em primeiro lugar, da autoconfiança, pois ao escolher alguém que você supõe irá traí-lo(a), isso significa que você não confia na sua capacidade de escolha. Mas há também o medo de perder o controle sobre o parceiro e sobre a própria relação, o que acontece com freqüência quando um significa todo o suporte ou o sentido da vida do outro. “Este tipo de ciúme gera medo, insegurança e ansiedade. É muito perigoso colocar o(a) parceiro(a) como o ar que se respira, porque se ele(a) se afastar, aquele que é deixado sente-se vazio e perdido”, diz a psicóloga Aparecida Nogueira.

Uma das grandes causas de desrespeito, mágoa e separação de casais, o ciúme é um sentimento corrosivo que pode crescer a ponto de sufocar a saúde mental e física dos parceiros.“No ciúme existe o desconforto de uma experiência real ou imaginária de medo”, diz a psicóloga Mônica Levi. “Medo principalmente de perder o parceiro para outra pessoa”, completa. Muitas vezes, a raiz do ciúme se encontra na infância, em relacionamentos complicados com a figura da mãe ou do pai, ou da pessoa que exercia esse papel na vida da pessoa

Quem ama cuida, mas não demais!

Muita gente justifica seu ciúme como uma postura de cuidado, e não de cerceamento à liberdade do outro”, diz o psicólogo Eduardo Ferreira Santos , autor do livro “Ciúme: o lado amargo do amor”, explicando que zelar por alguém, significa cuidar. “Mas o ciumento não trata o outro bem já que desconfia dele”, diz.

O ciumento fala do outro com raiva, e à medida que o ciúme aumenta, o maltrato também evolue, podendo chegar à violência e até à morte. O primeiro passo para que o zelo se transforme em ciúme, segundo Eduardo, é a relação simbiótica, caracterizada pela necessidade de ter o outro.

A simbiose é a idéia de que no casal não existem duas individualidades distintas, mas um único ser. Esse sentimento é baseado na dependência e não no desejo de compartilhar com o outro.

A dependência é doentia e torna as pessoas infelizes. Mesmo assim é muito comum e acontece quando um dos parceiros não se sente capaz de viver por si próprio e de enfrentar o mundo.

Essa sensação de não ser completo(a) cria a ilusão de uma absoluta necessidade da outra pessoa. Como conseqüência, surge o pânico de ser perder o controle e ser abandonado(a).

O ciúme surge como um mecanismo inconsciente que busca controlar e reter o outro só para si. Tudo o que não se encontra dentro da relação simbiótica passa a representar uma ameaça ao parceiro que não suporta a idéia de ser abandonado(a).

Não se trata de não sentir ciúme nunca, já que este é uma expressão de uma emoção. A questão é não se deixar dominar por ele e, ao contrário, dominar a sua expressão a fim de que não cause danos nem à pessoa nem ao relacionamento.

O ciúme é péssimo tanto para quem sente como para quem se torna sua vítima. É um sentimento que desgasta muita energia psicológica, que faz com que o indivíduo deixe de saber quem ele é.

Enquanto uma pessoa vigia outra, não está olhando para si própria, num mecanismo de defesa que a impede de perceber quais são os seus cinqüenta por cento na relação.

O ciúme é algo cruel quando exagerado, quando fora de controle, pois a pessoa fica sem ter contato com as suas verdadeiras emoções e não percebe o medo que se encontra dentro de si e suga as suas energias provocando devastações internas e destruindo relacionamentos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ciúmes demais só atrapalha.
Big Beijos