segunda-feira, fevereiro 21, 2005

LIÇÔES

o que fazes
para ensinar tua alma a dançar?
o que fazes
a mantém presa dentro de ti
escondida das camadas densas
de dor, sufocada pelo medo, emudecida pela inércia
ou a deixas iluminada
nas asas de riscos desconhecidos
para voar rumo a um mundo de fantasias do qual
não há garantia de retorno
e do qual pode até cair
o que fazes
para ensinar tua alma a dançar?

o que fazes
para ensinar tua alma a sentir?
o que fazes
a mantém protegida pelo
falso manto da
segurança, envolta no silêncio inquebrável
trancada atrás de portas de aço
pelas quais o vento frio não passa
e dentro das quais a morte é lenta e certa
ou remove a camada espessa
insensível como gelo ao toque
atiças uma fagulha tímida
e fazes da brasa uma chama ardente
que se espalha, queima e consome
mesmo quando atinges a forma mais elevada
o que fazes
para ensinar tua alma a sentir?

o que fazes
para ensinar o teu coração a amar?
o que fazes
o aprisiona em páginas
de poemas amargos, canções de amor não correspondido
que nunca lês para que te ouçam, só para ti
o deixas acorrentado, de mãos atadas
que só se movimentam o suficiente
para fazer as contas infindas
de pequenas ofensas
ou abres fendas e lacunas
largas o bastante para alguém entrar, encontrar
um nicho e decorá-lo
com seus próprios sonhos e paixões
pintar as paredes com pinceladas de carícias, ir
e vir quando bem quiser
sem travas nem amarras, mas com
o toque simples de um abraço forte
o que fazes
para ensinar o teu coração a amar?

(Kathlen Pratt)

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